Amir Klink

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens ou TV. Precisa de viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa de viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." Amir Klink















quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

De peregrino a hospedeiro.

Domingo, 7 de Novembro de 2010!

A viagem terminou, retorno aos poucos á vida social que tinha, reencontro-me com gente conhecida, acostumo-me aos velhos hábitos mas existem coisas que ficam.
Passou-se a semana a voar e tal como tinha convidado os amigos do caminho eles começaram a contactar-me confirmando a sua passagem aqui por Alcobaça, com vontade de ficar uns dias hospedados em minha casa, o que eu não contei foi que todos aparecessem num espaço de 24 horas.

Maxim foi o primeiro a chegar, pelas 15h, assim que se acomodou no beliche estava Julien a tocar á campainha. Num instante o meu pequeno apartamento ficou repleto de alforges, e a garagem de bicicletas, eh eh, foi bom ver o cenário fazendo-me reviver as emoções de viagem ainda em plena ressaca…



Embora eu saiba que as condições que os iria receber não seriam as melhores para o cidadão comum, estes hospedes eram diferentes, eu sabia como eles sentiam e pela minha experiencia tinha a perfeita noção que o nível de exigência deles é baixíssimo, só de terem um tecto em vez da tenda, com o conforto de um lar em vez de um albergue, luz, televisão, agua quente, internet, ausência de horários… isto fazia-os sentir em casa e “fiquem o tempo que quiserem” foi a minha palavra de ordem.

Tinham o convite da minha mãe para jantar, eles não estavam a aceitar mas com o sentimento de não querer incomodar, como eu sabia disso não foi nada difícil convence-los a mudar de ideias.

Maxim não precisava tanto mas a Julien pedi-lhe toda a roupa que ele tinha, incluindo a que ele estava a usar… e ele para mim:

e que roupa visto eu?...

–uma minha, a tua vai toda para a maquina de lavar…

O jantar foi cozido á portuguesa, uma iguaria para os meus amigos, no final do dia descansamos.

Na manha seguinte convidei a quem quisesse vir treinar um pouco ao campo de futebol do Ginásio de Alcobaça, Julien acompanhou-me. Á tarde fomos á reunião da câmara municipal e insisti que me acompanhassem, queria apresenta-los ao presidente e restante mesa.

Fomos muito bem recebidos, ao princípio senti que os colegas por não entenderem estavam um pouco apreensivos mas no final voltaram felicíssimos deste encontro.

Acabei por ser fotografado tal como os meus colegas, e se eu era noticia também eles o foram pois aparecemos em alguns meios de comunicação.



Nesta reunião decidiram por todos os presentes em assembleia, atribuir-me um patrocínio para fazer face aos gastos da viagem, disse-me o presidente Paulo Inácio que era bom ver iniciativas deste género no nosso concelho.

Já o vereador José Vinagre também abraçou esta iniciativa desde o inicio quando me ofereceram 2 equipamentos com o nome de Alcobaça para ir bem identificado. A todos o meu sincero e humilde obrigado por tudo desde o reconhecimento á simpatia.

Mais tarde chegaram Adrien e Sophie, molhados e cansados… fomos busca-los á frente do mosteiro e encaminhei-os rapidamente para um banho quente que eu sabia que até as suas almas pediam.

Tratei deles como se chegassem a uma colónia de férias que o meu apartamento se tinha tornado, combinamos em encomendar umas pizzas que toda a gente, incluindo eu, se deliciou!



Durante o jantar convidei-os a juntarem-se a nós 3 no dia seguinte a passear a Lisboa, tinha que ir lá visitar um amigo meu e trazer um kite… um brinquedo novo para mim para me divertir no mar em mais um desporto que faço, e como respondeu Adrien, “tenho que responder agora?” claro que não, vão dormir e amanha falamos!



Antes ainda fomos dar uma pequena volta pela vila de Alcobaça e bebemos café no típico Capador, desta vez já de barba feita, o encontro com o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça tinha marcado o fim da minha viagem. Mais umas fotos em grupo para a eternidade com Magda que também se juntou ao grupo, muito giro estes momentos, agora com todos bem alimentados e de banho tomado, o ambiente era mesmo fantástico!



No final ficamos a olhar os itinerários dos mapas de Julien… a volta era simplesmente um espectáculo! Quando estávamos todos cansados, disse ao casal mais uma vez, fiquem na minha cama, hoje durmo eu no sofá que vocês merecem, aí é que eles ficaram mesmo espantados… eu insistir que ficassem lá era mesmo coisa que não lhes passaria pela cabeça, mas aceitaram!



Luzes apagadas e boa noite a todos!







Um abraço amigo, Samuel Santos