Outro dia mas a hora foi a mesma, ouviam-se sacos, fechos zip, portas, da rua os pneus dos carros a calcarem paralelos e aviões a levantar voo, decido que é cedo e faço ronha por mais meia hora na esperança que o barulho termine e tenha um pequeno almoço em paz.
Levanto-me e subo ao piso mais elevado e tenho a visão do quão grande ente Mosteiro de Virães, recentemente restaurado e convertido em estalagem para quem tal como eu oferece algum do seu tempo para fazer uma viagem.
Início a caminhada e encontro pouco depois uma importante ponte do século XII mandada construir com o dinheiro da herança de um conde, sigo serpenteando ruas com o delicioso cheiro de umas morangueiros, para desviar os peregrinos da estrada nacional encurtámos ora aqui ora fazemos mais no trajecto seguinte, milheirais adentro debaixo de um abrasador sol, vali-me da pala da boina para me proteger de tão baixo sol.
Dia longo previsto, mas ao que parece não vai ser o único, queria não apenas chegar a Barcelos mas também seguir até ao Albergue onde fiquei, se bem que a cidade convidava a ficar, um centro de apoio ao peregrino com uma exposição de pintura, continuo para a igreja Matriz com azulejo azul e branco a cobrir as paredes, foto no tradicional Galo de Barcelos e centro da cidade.
Cruzo a cidade e por ser quinta-feira há o mercado semanal, maiores que as festas anuais da minha cidade, decido entrar na multidão e levo um choque de naftalina, couros e cores, corredores cheios de gente e negócio po todo o lado, daqui faltavam 9km para o destino.
Andar a pé não se viaja tanto como vir de bicicleta mas o campo de visão muda a uma velocidade maior que aquela que se imagina, cruzam-se vales, pontes, e procuramos mais algo em nós, nem que seja a nossa própria sombra.
Um abraço Peregrino, Samuel Santos!
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