Amir Klink

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens ou TV. Precisa de viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa de viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." Amir Klink















sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Dia 3, de Tamel a Ponte de Lima 25km, dia de descanso.

   Desperto com os sinos da igreja e conto 7 badaladas, decido que é cedo e volto a dormir mesmo com o barulho que os outros peregrinos faziam, acordo uma hora nais tarde e mais ninguem estava naquela camarata. Desço, encontro o Alberto e troco meia duzia de palavras com ele, ficou em promessa encontrar-nos mais tarde, faço-lhe reset ao podometro que contava 44 mil passos do dia anterior e segue caminho. Para o pequeno almoco tive pão com bananas já meladas e um capuccino instantaneo e estava pronto para o seguir. 


   Saio do albergue e volto a ver o pequeno e funcional que era, edificio novo e estudado para o efeito a destoar das velhas casas do sitio. Pego numa estrada asfaltada e comeco a desfazer a subida que tinha feito ontem á chegada, em frente um vale de onde ecoavam exitos de musica portuguesa, ora de Quim Barreiros a falar de gastronomia ora de Marco Paulo que me fazia recordar uma morena.


   O sol caia forte mas hoje por antecipação apliquei o protector solar no pescoço, uma vez que caminho pra norte a nuca esta horas exposta e não quero apanhar nenhuma surpresa, o dia hoje prometia em bom tempo e eu tambem decidi por gestão de etapa fazer hoje uma curta de apenas 25km para amanhã fazer duas de 19km cada até Valença.
   Encontro um grupo de brasileiros que mal os tinha visto no albergue junto a uma ponte antiga que nem parapeitos tinha, ao que parece as construções originais eram assim e quando se comprovava a sua resistencia em caso de cheias se faziam as paredes laterais. Alberto seguia mais á frente e caminhámos juntos uns 3km, ele também alguem experiente e caminheiro solitário, deixei-o para trás quando o telemovel dele tocou, certamento irei encontra-lo mais tarde.



   Chego pelas 13:30 a Ponte de Lima e tinha uma intençao, descançar e procurar uma praia fluvial, como o albergue ainda estava fechado e tinha comigo almoço segui para cumprir o desejo nas margens do rio Lima, cujas aguas eram de temperatura agradavel dado á largueza do seu leito, como o sol estava quente as quase 3 horas que ai estive souberam me pela vida.



   Chego ao albergue 45 minutos depous de abrir e as cerca de vinte mochilas que estavam encostadas á parede ja tinham entrado, havia uma fila de apenas dez pessoas. Quando reparo tinha Luisa á minha frente, tinhamos partilhado quarto no primeiro dia e cruzado duas vezes, como ela ficou no dia anterior em Barcelos a etapa dela hoje era pesada. Agarrou-me o braço e disse-me que nao se estava a sentir bem, nao tardaram os seus olhos a rolar e com a ajuda do casal italiano que estava a sua frente deitamo-la no chão desmaiada e elevamos as suas pernas, passado pouco tempo estava de volta.


   Subimos ao segundo piso e surpresa, o edificio era fantástico ficamos no piso de aguas furtadas com piso e tecto em madeira, recebe muito bem esta cidade os peregrinos. 
   Saio para mais uma visita a esta linda cidade, e não paro de me encantar por ela, não apenas o rio e sua ponte, importante construção do seculo XII mas tambem suas ruas completamente renovadas em pedra, seus edificios e suas gentes. 


   Decido parar numa mercearia comprar vinho, chocolate, amendoins e bolachas de aveia, como mesa um murete de jardim com vista para o rio, ponte e pôr de sol na montanha em frente, degusto-me com o aperitivo que tinha comprado e quando me dou conta já a garrafa estava vazia... quando já escuro me levanto noto que talvez tenha exagerado, uma coisa foi certa, arrastei-me até a minha cama de albergue e adormeci num profundo descanso.



Um abraço peregrino, Samuel Santos

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