Amir Klink

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens ou TV. Precisa de viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa de viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." Amir Klink















quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dia 44. Muxia e Finisterra

Quinta 28 de Novembro de 2010.



Acordei cedo, com tanta gente pelo caminho queria ir cedo buscar a Compostela, para quem não sabe é o diploma de peregrino.

Quando já cheguei apenas tinha duas pessoas à minha frente, perguntei a que horas era a missa do peregrino e ao contrário do que pensava havia uma às 10.



Antes fui dar o abraço ao peregrino e mais uma vez a fila era diminuta, passei também pelo túmulo do apóstolo e a missa foi pouco depois.
No final fui-me sentar de novo no centro da praça e a minha segunda alma não parava de me chamar a atenção, tinha tentado abafar aquilo que me queria dizer no dia antes mas agora com todos os rituais cumpridos queria mais uma vez que eu fizesse contas... E tantas vezes tinha feito as contas no dia anterior que voltei a fazê-las com a agenda do telemóvel, eram 11.30h e tinha 4 dias e meio para fazer 700 kms!



Pensei, pensei, pensei... os sinais eram óbvios, se tudo tinha sido tão rápido era porque eu também tinha que sair rápido e assim foi, decidi ir buscar a bike para seguir para Muxia e Finisterra.Liguei a Genis para se encontrar comigo na Praça do Obradoiro para me despedir e segui.



A tarefa não era fácil mas os fins justificavam os meios, para além disso sentia que chegar a casa no feriado 1 de Novembro para estar com a família seria um prémio pelo qual teria que suar e sofrer, mesmo assim estava disposto a fazê-lo.Pela estrada o tempo foi abrindo do nevoeiro que estava em Santiago e a paisagem alterou,as caras, as falas e os cheiros não me eram estranhos como estivesse no nosso Portugal.



Estava na Galiza e ao contrário daquilo que se diz que é impossível fazer o caminho sem chuva certo é que não me tinha molhado por aqui.



Ao fim de 75 kms chego a Muxia, uma aldeia piscatória onde busquei o segundo diploma e visitei o Santuário de Nossa Senhora onde reza a história apareceu ao apóstolo numa barca de pedra que frente à igreja ainda permanece, a pedra de abalar.







Mais uma olhada para o lindíssimo panorama de mas e vila no miradouro com a vila de um lado e o mar do outro e volto à estrada, queria dormir em Finisterra.



 Até ao destino eram mais 35 kms em estradas que passavam em aldeias, secadores de milho, tratores velhos, pequenos campos de lavouro, sentia-me em casa.



O pneu que me tinha dado problemas no dia anterior estava de novo a dar sinal, o pequeno rasgo que tinha estava de novo a querer deixar sair a câmara de ar e se não parasse para meter um pedaço de plástico por dentro iria furar de novo.

Olhava para o relógio e para o céu, parecia que o por do sol não era para hoje não por falta de tempo mas pelas nuvens que se viam a oeste e decidi visitar o sítio pela manhã ao contrário da última vez que por aqui passei.
Cheguei ao albergue e garanti a estadia, não esgotou mas pouco faltou e pensei em usar a cozinha completa para fazer algo quente para variar.Fui às compras e massa com coxas de frango foi o escolhido, saiu bem e foi admirado por quem passava embora desta vez não tivesse clientes para comer, melhor que assim sobrou para o dia seguinte. Tinha o diário atrasado e tentei compensar um pouco, quanto mais se atrasa pior se escreve, mas mesmo assim ainda deu para pelo meio da escrita ir dar uma volta para ouvir e sentir um pouco do mar...




Um abraço amigo, Samuel Santos!

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