Amir Klink

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens ou TV. Precisa de viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa de viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." Amir Klink















terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dia 48. Chegada ao destino, ALCOBAÇA!

Segunda-feira, 1 de Novembro de 2010.


No quarto parecia ser ainda noite mas quando abri um pouco dos estores o sol que pelos furos parecia um potente holofote por estar a nascer ser nuvens.



Ao sair já o meu colega Rui estava acordado e pronto para fazer os 20 km até Fátima, para ele seria só mesmo a acompanhar pois a pesada bicicleta na subida ia travar e muito o ritmo normal do andamento dele, mas também era bom pois ele apenas queria fazer um pouco de recuperação de uma prova que tinha participado no dia anterior. Pela subida suave e constante até Fátima fomos metendo a conversa em dia e ao chegar deixou-me numa rotunda antes e voltou para casa.


Ao chegar ao Santuário tinha a minha mãe, irmã e irmão á espera para uma primeira recepção, ai fiz os rituais neste grandioso e pacifico local de culto Mariano onde a Virgem apareceu aos 3 pastorinhos.







Com o meu irmão segui pela serra de Porto de Mos direcção a Alcobaça e pela passagem por Alqueidão da Serra uma estátua branca fez-me lembrar Pietrasanta em Itália, afinal pela minha terra também há coisas fantásticas, não seria em mármore mas em rocha sedimentar e a figura da estátua era um caricato calceteiro partindo a pedra azul negro que apenas há aqui nesta região e é usada para fazer os desenhos nas calçadas à portuguesa.




Os 30 km até Alcobaça foram sempre a rolar com apenas 2 subiditas, e em pouco mais de uma hora desfrutando da bonita vista que a serra dos Candeeiros proporciona chegamos ao destino final, o grandioso Mosteiro de Alcobaça.

Antes tive tempo de cumprir a entrada típica dos turistas pela bonita rua das lojas, matando as saudades que deste sítio tão pisado por mim tinha, depois entrando no amplo largo do mosteiro vi o pequeno mas caloroso grupo que me esperava.



Aqui estavam as pessoas que consegui anunciar que neste dia chegava, família e amigos mas ao chegar dei-me conta de mais uma coincidência, as 12.30 h previstas eram também a hora do final da missa e como ritual o padre vir cumprimentar quem a ela assistiu acabei por ter o prazer de também o abraçar como a todos que esperavam, e ao grupo mais algumas pessoas que por coincidência aqui estavam a passar também se juntaram.

É um sentimento único após tanto tempo de privação da família e amigos, embora de livre vontade, abraçar de uma só vez tanta gente querida e conhecida, misto da emoção de ter conseguido chegar no dia pretendido ao local que marca o final de uma peregrinação.

Emoção forte que apenas cultivando e vivendo uma historia como esta que aqui fui descrevendo se pode ter, mas vale a pena, e muito!!!

Da frente do mosteiro percorremos os 100 metros que levam até ao meu espaço, e chegando sentia-me milionário, de emoções e tudo mais, “tenho uma casa” dizia, “uma cama, água quente, uma cozinha…”, tantas eram as coisas que novamente iriam entrar no meu uso do dia-a-dia que milionário talvez não chegue para descrever a mudança enorme que estava prestes a ter.

Ai almoçamos em família, todos menos o meu pai que algures pela Europa andaria na sua simplicidade de espírito conhecendo novos locais, cruzando rotas de tantos outros peregrinos…

Um abraço peregrino, Samuel Santos!

3 comentários:

  1. Parabens, conseguiste!

    Valeu a pena, espero eu!

    Bjs,

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  2. Tenho acompanhado toda a viagem, sempre em silêncio, mas hoje não resisto.

    PARABÉNS
    António Costa

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  3. Um dia, sentado numa sala de espera, peguei num jornal regional e dou com a noticia que um tal Samuel Santos, de Alcobaça, iria fazer a ligação, aproveitando o facto de estar desempregado, de Roma à sua terra Natal, de bike e somente com 1000€. Reconheci o teu nome, só não tinha a certeza se eras mesmo tu. Ao voltar a casa, vim verificar e era o mesmo Samuel que participou nas 4 primeiras edições das 3h de Resistência Trilhos do Liz. Fiquei "parvo" com tamanha coragem e, em silencio, desejei-te boa viagem.
    Fico feliz por tudo ter corrido bem e teres voltado inteiro! ;)
    Ainda só vou no 8º dia, mas prometo ler tudo, pois à muito que sonho com algo assim, mas em tamanho "mini"...dar a volta a Portugal de bike. Quem sabe se, na tua coragem, não arranjarei motivação para empreender essa viagem..!
    Um grande abraço e que te possamos receber em Carvide para participar no Circuito BTT TrêsADOS 2010.
    Lino Silva

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