Amir Klink

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens ou TV. Precisa de viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa de viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." Amir Klink















quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dia "-14". Começou a contagem decrescente!!!

Quarta, 1 de Setembro de 2010
Começou a contagem decrescente, entrei no mês que me vai ver partir ruma à aventura. Hoje deixo um texto que escrevi em 2008 no final da minha travessia de Sevilha a Santiago de Compostela.







Caminho de Santiago, via de prata, caminho das estrelas


“Aqui na terra do fim do mundo (Finisterra) oiço o mar e espero que o sol se ponha, o merecido descanso de quem já conta com mais de 1200km desde Sevilha em 11 dias. O cheiro intenso a plástico queimado é mais forte que o cheiro a maresia, mas hoje sim prefiro este porque é tradição do peregrino ao chegar queimar algo que tenha trazido por todo o caminho. O normal seriam as botas mas eu decidi queimar a bolsa da frente da bicicleta que trazia o plano do caminho e todos os outros símbolos que fui por assim dizendo coleccionando e mais um bidão de água que tantas as vezes a sede me matou. Aqui descanso em paz porque cheguei, porque sinto o sol na face e o vento nos cabelos sem que esteja a pedalar. Foram tantas horas que lhes perdi a conta, tantas armadilhas que passei e outras que deus me levou, tantas histórias no dia-a-dia que sempre que me deitava pensava no que iria ser no dia seguinte embora sempre em vão. Posso dizer que sou um sortudo, mesmo com todos os problemas que a bicicleta ia tendo ao final do dia mais ou menos "estafado" pensava, " está feito, mais um dia que passou".

Um barco passou no mar, parecia que ia um pouco atrapalhado mas parece que este mar é assim mesmo caso contrário não lhe chamaria o mar da morte. O sol vai baixando e cada vez o vento vai ficando mais frio, mas minhas costas a lua quase cheia já está bem alta. A vida também é assim, o caminho faz-nos ver o que desapareceu e o que surgiu, fez-me bem tanto esforço e alguma solidão, quando se pensa consegue-se arrumar a cabeça. O sol mergulhou, não no mar mas sim numa nuvem do horizonte, um tímido aplauso demonstra o desfecho deste espectáculo de Deus. Ninguém arredou pé, passado um pouco lá voltou a aparecer o laranja do sol entre a nuvem e o mar. Mergulhou assim mais uma vez o sol no sítio de onde faz mais de mil e quinhentos anos que os romanos se impressionavam por este ser o sítio mais a ocidente que estes conheciam, daí o nome finisterra, o fim do caminho de Santiago, o fim da terra, o final do trajecto do sol e do caminho das estrelas ao qual chamamos via láctea e hoje muitos anos depois tantos peregrinos como eu a este sítio rumam.”


Cabo Fisterra, Samuel da Silva Santos, 12 de Setembro de 2008.

1 comentário:

  1. oi..ah mt k n falamos..
    espero k a viagem te corra mt bem..e realmente tens razao kem te cunheçe bem exa altura da tua vida n é nada surpreendente..consegues sempre o k keres..
    k deus esteja contigo na viagem toda..
    beijinhos

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