Amir Klink

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens ou TV. Precisa de viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa de viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." Amir Klink















quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dia 5. Santa Marinela!

Domingo, 19 de Setembro de 2010.

Amanheceu, e o dia prometia não ter muito sol.


Depois do pequeno almoço com Kate fomos até à praça de São Pedro apreciar uma vez mais a confusão de peregrinos ou turigrinos conforme cada um se sente, e tentar cruzar com Mercedes que tinha ido à sala de imprensa do Vaticano devido ao seu trabalho. Enquanto falávamos sobre a imortalidade e vida eterna esquecemo-nos das horas e acabamos por perder o comboio para Santa Marinela onde íamos ao barbeque para onde me tinham convidado na quinta-feira passada.

Acabamos por ir de carro mais tarde e descubro então Santa Marinela, uma pacata vila na costa mediterrânea 40 km a norte onde o sol brilhava sem reservas. Chegamos lá e eu não conhecia quem me tinha convidado mas por surpresa minha estavam lá grande parte das pessoas com quem me tinha cruzado nos dias anteriores. Os donos da modesta vivenda, os Andersons, eram uma família de australianos linda. Á muito, ou melhor, nunca conheci uma assim! Eles jovens, muito bem de aparência e a dar uma inesgotável energia ao grupo dos seus 5, sim 5 filhos dos 1 aos 11 anos. Enfim uma família daquelas que muitos desejariam ter... e a educação que eles tinham! Não consegui ver entre os miúdos uma chatice que fosse pois todos faziam o que queriam por si próprios.

O churrasco estava fantástico, sabores do mediterrâneo adoçados com um vinho verde tinto italiano cujo nome não me recordo, e enquanto se ia provando tudo soube mais um pouco de onde vinha toda aquela atitude por Mark, o dono. Contou-me que quase foi para Timor Leste depois de ter recebido na Austrália famílias inteiras vindas de lá, refugiados dos ataques da Indonésia.

Acabamos a tarde na praia para uns mergulhos e o Mark para uns rides de skiming com os miúdos, mas por pouco tempo pois a volta era de comboio e não o queria perder desta vez.

De novo em Roma, fui directo à capela de Santo António dos Portugueses para assistir ao concerto de órgão que me tinham convidado no dia anterior. O concerto seguiu o seu alinhamento lento de Bach, o músico estava colocado na frente e no centro da igreja voltado para o altar e no final como o público aplaudia sem parar eis que ele volta e começa a tocar sem pauta e... aí sim, o órgão mostrou todo o seu potencial. O ritmo era tão frenético que havia lugar para todos os tubos metálicos libertarem seus sons. No final todo o público novamente em ovação, muito mais que na vez anterior, foram saindo pouco a pouco e quando tento encontrar quem me tinha convidado para estar presente para lhe agradecer o convite reparei que não estava... provavelmente terá saído antes.

Tinha-se feito noite, e já se estava a tornar tarde. Fui beber um copo para a despedida com Mercedes na praça di Fiore.




Samuel Santos


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