Amir Klink

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens ou TV. Precisa de viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa de viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." Amir Klink















sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Dia 10. Desvio até Pisa.

24 de Setembro de 2010

08:00 da manhã, de barba feita vou comprar uns iogurtes para me tratar, entrego a chave do quarto na biblioteca a Luigi, agradeço mais uma vez a hospitalidade e dou-lhe uma tira de papel com o meu blog que imprimi em Monterigione, convidando-o a visitar. Ele gostou e agradeceu.

Pedalo uns fáceis 20 kms e chego à primeira paragem, Lucca, uma cidade circundada não por uma muralha mas sim por um morro muralhado por fora. Da ponta onde entrei medi 1500mts ao extremo mais longo da forma oval que fazia.

Passei por uma livraria e como tinha pensado comprei um guia de conversação Italiano-Português pois não me sinto bem não falar uma língua que tanta coisa tem idêntica. Foram 9 euros investidos no conhecimento e se aprender algo será esta a minha quinta língua, ao contrário do que pensava, que seria o alemão a ter esse privilégio.

No interior da cidade destacava-se a catedral de São Marino de pedra clara no exterior, e de arcadas pintadas a azul cobalto com figuras adornadas com ouro no interior... ouro sobre azul! Antes de deixar a cidade decido dar uma volta por cima em morro, mas só fiz metade... vi que os 5 kms de toda a volta eram necessários para a etapa. Mesmo assim valeu a pena ver, tinha uma estrada onde poderia ter duplo sentido embora fosse vedado ao trânsito e nela passeavam turistas e atletas no seu treino matinal.

Tal como tinha planeado ontem, daqui alongo um pouco a rota em 25 kms e vou até Pisa julgando que seria interessante e não podia estar mais certo! A cidade era muito animada, com ruas de montras cheias de turistas, atravessada por um rio que, tal como em Roma, leva água turva beje.

Quando cheio ao fim esperando encontrar a "torre di miracolo" ao acaso, paro num posto de turismo para carimbar a credencial e reparo que a torre ficava no lado de onde eu tinha entrado. Mas do mal o menos, estava a gostar do passeio e era por aí que teria que sair. Mais um mundo de turistas por ruas e praças diferentes, até que chego ao local pretendido e reparo que aquele é mesmo um dos locais a visitar a nível mundial! O número de turistas era enorme e quase toda a gente tirava fotos, fingindo que com as mãos segurava a torre inclinada.


Como tinha idealizado almoçar por ali procurei um local menos concorrido e eis que encontro a zona dos "pic-nicqueiros", ou turistas low-cost como lhes preferirem chamar. Fiz mais uma das minhas saladas de tomate com atum, esta até levou queijo mozarella fresco que tinha sido oferecido pelo padre Doriano. Os vizinhos do lado que estavam apenas a sandes e bolachas espreitavam pelo canto do olho, que eu bem reparei he he!

Mudo de roupa e vou até à catedral ao lado... Se a de Lucca era fantástica esta passava-lhe a perna por estar tão bem restaurada. O tempo não perdoa e tenho que seguir para apanhar um albergue aberto. Escolho o de Pietrasanta e faço uma estrada estreita em permanente curva-contra-curva mas a nível, muito agradável não só pela paisagem mas também por me tirar das estradas principais e do alcance desta gente louca a conduzir. Para além disso encontro uma escavação arqueológica com um mosaico exposto em perfeito estado.

8 kms antes do destino chego à praia e sinto-me de novo em Fiumicino. Estou um pouco pela praia, rumo pela marginal cheia de gente e no destino fico numa casa paroquial. Descubro o porquê do nome da terra: as pedreiras aqui extraem mármore branco puro, pedra nobre escolhida por grandes escultores, um deles próprio Miguel Ângelo no século 15!


Numa volta pela pacata vila visito as montras onde se encontravam muitas galerias de arte contemporânea. Ao cair da noite cai também uma tromba de água acompanhada de trovoada, vamos a ver como será amanhã.

Um abraço,

Samuel Santos.

1 comentário:

  1. Mais fotos!! Sempre dá para sentir um bocadinho mais a viagem :P

    Boas pedaladas!

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