Amir Klink

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens ou TV. Precisa de viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa de viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." Amir Klink















domingo, 26 de setembro de 2010

Dia 12. Don Guioseppe, 50 anos de pároco.

Domingo, 26 de Setembro de 2010.

Acordo cedo para participar na eucaristia. Como do que tenho: um queqe, a última fatia de pão de forma com mel acompanhado de cacau e café com água fria. Durante a missa sentia os gêmeos das pernas aos pulos tal como no dia antes, mas julgava que pela noite passaria.

Comecei a ouvir o corpo e pensei que tal como Deus talvez não fosse má ideia descansar o sétimo dia. Além disso tinha visto um convite à população para a festa do aniversário dos 50 anos de serviço à paróquia do padre Guioseppe.

No final dou uma pequena volta pela aldeia...na noite anterior, talvez pelo cansaço, não tinha reparado com tanta atenção nos pormenores. As estreitas ruas romanas principais eram em calçada em xisto perpendicular com um "lancil" na mesma pedra ao nível no centro. A igreja, em pedra tosca à vista tanto no interior como no exterior, datava do início do milénio passado e tal como muitas outras casas tinha o telhado em pedra de xisto.

Vou até ao castelo, pobre como o meu de Alcobaça. Mesmo assim fez-me inveja pois vi nele aquilo que em muito dignificaria o nosso: este tinha sido alvo de escavação arqueológica e sobre ele acessos e passadiços metálicos permitiam aos visitantes ver aquela simples mas cuidada estrutura.

No retorno ao albergue encontro o pároco, peço-lhe se poderia ficar por mais uma noite e dou-lhe os parabéns por aquela bonita data. No albergue novo ao abrir os estores reparo que um deles estava avariado e recordo-me em meu ofício. Pego na chave multifunções da bike e arranjo-o. Noto que o minimercado do outro lado da rua já estava aberto e vou às compras. Acabei por tomar de seguida outro pequeno almoço porque pouco a pouco as feições da minha cara vão expressando cada vez mais sinais de perca de peso, nada de estranhar após mais de 700 km em tão pouco tempo. Por estes dias tenho vivido muitos encontros agradáveis mas nota-se bem o isolamento: não vejo televisão à muito e nem sei nada acerca do mundo, a minha única companhia além da fiel bicicleta que até agora deu zero problemas é o telemóvel do qual vos escrevo a todos, e me ocupa... daí escrever tanto. Se não for pedir muito gostaria de receber sms pois sentir-me-ia mais acompanhado, para quem não tem o meu número aqui fica: 00351 916 922 480. A resposta vou deixando depois pelos post seguintes do blog. Mandem tudo, piadas, notícias, felicitações, e se eu não conhecer algum dos que queiram enviar que se apresentem, vou gostar imenso de ver a minha caixa de mensagem cheia. Por hoje fico por aqui, amanhã conto o resto deste dia.



Cumprimentos,

Samuel Santos

1 comentário:

  1. aqui vai uma dica para combateres a perda de peso: desvia da rota e para nas tascas dos camionistas...!!!

    ResponderEliminar