Amir Klink

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens ou TV. Precisa de viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa de viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." Amir Klink















quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dia 28. "Amor de talega"

Terça, 12 de Outubro de 2010.

Será que foi um sonho ontem? Dizem que o álcool faz alucinações mas eu não estava de ressaca... Só havia uma maneira de confirmar e sim, a câmara de ar "nova" estava no sítio onde a tinha deixado no dia anterior.

Depois do nutritivo pequeno almoço, mãos à obra na bicicleta, afinal de contas ela apenas estava a pedir o tempo de antena que tinha direito já que até aqui mal tenho falado nela, de tão bem que se tem portado. Para não recentar com ela decidi não exagerar na pressão e meter-me ao caminho - por algures haveria de comprar outra e aí sim voltava a meter-lhe os 60 psi de pressão para ela solar bem.

Saio da cidade mais uma vez no rio que me tem feito uma agradável companhia. Aqui o Lot corre num vale mais singelo e como que não sabendo por onde ir vai aos Ss pelo largo vale, como o rio Sena na zona de Rouen. Do outro vale avisto Calvignac, uma cidade montada sobre rocha, mais uma para explorar na net no final da viagem.

O vento aqui não mexia uma palha e o sol que desde a alba apareceu estava muito agradável, apenas umas nuvens como pães de açúcar no céu. A estrada era planissima à cota em dia, cheia de zonas escavadas na rocha e alguns túneis também. A bike sempre em talega. “Talega” para quem anda de bike é o prato grande do pedaleiro, aquele que permite andar numa velocidade maior e que se encostarmos nela barriga da perna ficamos tatuados a a óleo de corrente... ao que chamamos, “Amor de talega”. E esta foi uma etapa onde enquanto rolei, em apenas 2 ocasiões fui forçado a baixar a mudança.



50 confortáveis kms depois chego a Cáhors e compro a câmera juntamente ao almoço que fui comer na margem do Lot.



O centro histórico fica num grande U que o rio faz sendo apenas necessário fortificar uma pequena parte, mas sinceramente desta cidade não levo muito mais do que as belas pontes que tinha.



Vejo que Moissac estava a 60 kms e que facilmente chegaria lá e escolho este local para pernoitar. Digo adeus ao Lot e sigo.

Mais uma sinal de "vilas mais belas de França” e passo pela cidade mediaval de Lauzerte edificada só aos anos após o início do milênio passado num monte que tive que subir, mas valeu a pena!





Em Moissac, na casa de acolhimento do Carmel, fui recebido por uma madame que conhecia tantos dos carimbos que tinha que lhe perguntei se também tinha sido peregrina - só podia assim ser, pois só quem passa por uma experiência destas sabia o que ela mostrava saber.

Ao jantar encontro uma canadiana, Vivianne, que estava em Conques. Tinha vindo até aqui de comboio, pois por muito que ela queira fazer o caminho os pés dela não deixam. Acabei por fazer tanta comida que ia sobrar muito para o dia seguinte, por isso ofereci a toda a gente. Resultado: eu comi bem, mais 3 pessoas provaram e ainda sobrou almoço para amanhã!



Um abraço peregrino,

Samuel Santos!

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