Amir Klink

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens ou TV. Precisa de viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa de viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." Amir Klink















terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dia 40. Shinning star @ Leon!

Domingo, 24 de Outubro de 2010.



Neste albergue a saída era apenas às 10 mas como Genis queria sair cedo combinamos o pequeno almoço as 8 para nos despedir-mos e eu reparar a bike com tempo.



Tive que trocar os pneus de trás para frente mas já fazia uns dias que tinha pensado nisso pela diferença de desgaste. Com os cortes que o de trás tinha mas podia ter muita pressão o que dificultava o rolar na estrada e trocando ficava perfeito pois podia meter de novo uns 60 psi de pressão atrás onde tinha o meu peso e o da bagagem, assim canso-me menos.
A meio da reparação Genis seguiu e eu disse aos outros para irem dar uma volta pela cidade, quando terminasse iria até à frente da catedral e ligava a Maxim, quando lá cheguei estavam eles com um grupo de admiradores suíços e outro peregrino francês. Palavra puxa palavra, apresentaram-me e no fim da conversa uma senhora puxa por 20 euros e disse-nos "hoje comam algo bom e façam uma festa" he he, e era mesmo isso que tínhamos pensado num albergue que apenas estava a 25 km.



Logo de seguida, outro peregrino que também estava conosco convidou-nos para um café mesmo no largo da catedral, quando a rapariga nos serviu trazia um bolo para cada um, um delicioso caracol e confesso que à muito que não comia algo tão bom... isto de peregrinar faz-me esquecer desses pormenores gourmet e acabo sempre por comer escolhendo pelo preço e este tipo de prazeres passam todos ao lado.



Passamos um bom bocado, visitei a catedral e era fabulosa, enormes vitrais, uma tribuna de madeira no meio e nas laterais magestosos altares mas eram mesmo os vitrais que mais me fascinaram por estarem completamente restaurados.Com o seu tamanho iluminavam todo o interior com reflexos coloridos, os motivos eram todos obviamente em torno da religião.





Olhamos para o relógio e tinha visto um super-mercado aberto, aquele espanhol do El...Inglês e como era o único disse a Julien que era o único e que o melhor seria mesmo ir comprar o jantar com bebida e sobremesa. O dinheiro deu para paella, 2 garrafas de vinho, café e doces para o pão. A estrela da sorte estava mesmo a brilhar com tanta coisa boa aqui em Leon.



Estava na hora de almoço e comemos junto a uma ponte romana mas não daquilo de compramos, isso seria à noite, com o vento que fazia não foi fácil encontrar um sítio confortável mas uma mesa para todos frente ao Ayuntamento e com vista para a ponte romana apareceu.




Seguimos na estrada para o local onde passariamos a noite e para além do céu negro o forte vento estava mesmo de caras.A contrastar com os 140 de ontem fiz apenas 27, e mas zonas da nacional mais desabrigadas em o vento soprava mais era eu quem na frente ia a cortar o vento para os outros que como tinham mais bagagem fariam mais resistência ao vento, ao fim de hora e meia chegamos.Sentimo-nos muito bem acolhidos, a hospitaleira não estava mas havia um aviso a dizer "sinta-se à vontade de escolher uma cama e usar o espaço", isto sim é acolher! Entramos e pela primeira vez vi um beliche que se podia chamar um triliche por ter 3 camas, com uma escada he he! Aproveitamos a espera para um lanche e começamos com uma loucura de leite creme com pão a acompanhar o café, super... estávamos mesmo contentes, todos nós tínhamos dinheiro para irmos comer fora mas a alegria de uma coisa simples que nos ofereceram deliciava-nos a alma.Entretanto chega o grande grupo que vimos no caminho e foi a confusão, uns 15 jovens com uns adultos a acompanhar, todos franceses e ocuparam quase tudo a preparar o jantar. Como tínhamos lanchado só muito depois jantamos a deliciosa paella, as piadas vinham umas atrás das outras e o riso era constante conversando até darmos conta que toda a gente já se tinha deitado.



Um abraço peregrino, Samuel Santos.

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